segunda-feira, 1 de junho de 2009

DE VOLTA À TERRINHA

Então, o curso tinha uma duração curta de dois sábados. O conteúdo talvez tenha sido menos importante do que algumas conversas e a percepção de certas diferenças que já assombravam minhas noites desde a semana passada - mas que foram amenizadas durante a visita à exposição do Vik Muniz no MASP.
Vou cantar a pedra para quem se animar a fazer cursos de férias: a experiência é super válida, principalmente para quem quer sentir um pouco de como funciona a seleção e o mercado em Sampa. Negócio é que os cursos rápidos alí da ESPM/Miami AD são uma puta duma estratégia para te deixar com vontade de investir no esquema de dois anos e dois mil reais por mês.
A esperança de fazer contato significativo num curso como o que fiz morre rápido quando o professor insiste em falar como seus alunos foram milagrosamente parar na Fischer America (agência onde ele trabalha) e como apenas um teria sido por indicação sua. Ser criativo em São Paulo exige uma doutrina que provavelmente você só consegue alí. Inclusive tem N características a serem contempladas no seu portfólio para ter alguma chance.
Palavras de um bróder que reencontrei por lá: nego quer ver coisa malvada. Nada de títulos seguros, repetidos com outros produtos ou condições de pagamento num anúncio de domingo. Para os diretores de arte, arranquem qualquer coisa de identidade visual ou mesmo embalagem da sua pasta e criem algo a parte para mostrar esse lado do seu trabalho. Agência grande quer ver suas idéias, sua capacidade de explorar novas mídias. Não dá para ter medo de fantasma: provavelmente você cria para uma concessionária Volkswagen que precisa dizer que financia em mil vezes e isso não vai ser muito útil para quem cria o conceito do carro.

Sobre os mitos:
1. sim, o mercado é super corporativista;
2. vaga boa é por indicação (ou acha que tá fácil mostrar a pasta na Almap?);
3. estagiar de novo é fato em 90% dos casos (e até isso está difícil pra quem vem DO GOIÁS).

Ok. Nenhuma novidade. Mas existe um multiplicador. As escolas de criação (Miami, Cuca) são uma vantagem para quem quer trocar idéias com diretores de criação de agências como a JWT, aprender e conseguir aquele empurrãozinho. Ao menos pra mim, esse cenário ficou super tentador.

Empresto o termo oficioso do JOTAVÊ de novo para terminar a postagem com minha desventura urbana da vez. Eis que após o almoço, eu naturalmente deveria me encaminhar a Congonhas para fazer check in. Como não tinha ponto, fui andando e parava de sinaleiro em sinaleiro esperando algum taxi aparecer naquele sentido da Av. Paulista. Tranquilo. Duas quadras depois e meu objetivo havia sido cumprido. Taxista tem uns carrancudos, mas tem outros que se você der margem mostram foto do filho no jogo de futebol da escola. O assunto passou do tempo para as mulheres de Goiânia até chegar ao motivo da minha viagem:
-Me desculpa a indiscrição, mas o senhor trabalha com o quê?
-Pá, eu sou publicitário. Tava fazendo um curso ali na ESPM.
-Bacana! Eu fui publicitário a alguns anos. Era redator.
-Sério? Legal, eu sou diretor de arte.
(claro que não vou lembrar de tudo que nenhum dos dois falaram; o cara já era um senhor da época em que ainda existia o layoutman)
...
-Eu trabalhava em agência, sai para montar a minha. Problema foi todo aquele esquema do Collor...
(e o assunto foi continuando, falando sobre como cada um tinha começado na propaganda e da importância de uma boa equipe)
-Qual que é teu nome mesmo?
-Luis Fernando.
-Ah, então hoje só pode estar de brincadeira. Também me chamo Luis Fernando.
-Haha.
-Vai precisar de recibo?
-Sim senhor.
-Tá aqui. Faça boa viagem!

Um comentário:

  1. Depressão ein... Quando consegue entrar no difícil mercado de SP a gente se fode e vira taxista, bueno, hehe.

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